terça-feira, 21 de junho de 2011

Comunicações Mediúnicas: Fenômenos e Filosofia Espírita são inseparáveis

As comunicações mediúnicas servem para revelar a realidade da vida para além-túmulo. E há outros fins subsequentes: a espiritualização do homem, o aperfeiçoamento moral, a reabilitação do médium, se é um elemento faltoso ou comprometido com um passado negligente ou delituoso. O fenômeno mediúnico, que é o objeto do Espiritismo, obedece a leis que fogem ao “controle” dos instrumentos materiais.
Se é um fenômeno de natureza diferente, regido por leis inerentes a outro plano, embora não sejam leis imaginárias; se as relações entre “vivos” e “mortos” estão sujeitas, em todos os casos, a princípios de ordem moral, embora nem todos levem em conta esse aspecto, mas o Espiritismo dá muito relevo ao fator moral, que é decisivo, naturalmente há implicações filosóficas.
A visão do mundo espiritual através da fenomenologia de “ além túmulo” induz  a inteligência indagadora a questões mais sutis e elevadas, segundo as inclinações pessoais. São inevitáveis, a esta altura, as preocupações com o destino, a vida futura, etc. É uma decorrência lógica.
 
E tudo isso, afinal de contas, não nos leva a questões de ordem filosófica e religiosa pela sequência mesma do raciocínio inquiridor? Forçosamente. Como falar em vida futura, em destino da vida sem pensar em Deus, como “causa primária de todas as coisas”? E tudo isso não é consequência do ponto de partida – a sobrevivência do espírito – revelada pelas comunicações? Justamente por isso, o corpo da Doutrina constitui uma sequência de princípios em que se conjugam questões filosóficas com repercussões na esfera da religião, da moral, da vida social e assim por diante. Cada qual, evidentemente, optará por este ou aquele ângulo, que lhe seja mais preferido, mas a Doutrina é um todo, é uma construção íntegra.
Não possível, pois, separar o fenômeno, formando uma ciência espírita à parte, e criar uma filosofia espírita somente com a Doutrina. Há uma conexão geral. As escolas de metapsíquica tentaram reduzir o fenômeno mediúnico a uma disciplina experimental sem qualquer posição filosófica, sem a menor interferência no problema da existência de Deus, por exemplo. Que fizeram até hoje? A experiência pura, sem o sentido de um finalismo mais elevado, pode cair na saturação, na rotina, sem qualquer influência ponderável na transformação do homem. O Espiritismo não pode ser “enquadrado” nesta esquematização. Não há discrepância, portanto, no fato de haver aspectos diversos na constituição da Doutrina Espirita. Não nos esqueçamos de que o Espiritismo participa, ao mesmo tempo, da revelação humana e da revelação divina, como disse Allan Kardec.
O Espiritismo não é um fenômeno histórico, é uma intervenção do mundo espiritual. Não é “fenômeno histórico”, porque não é fruto de uma sociedade ou de uma época, não está sujeito a contingências temporais. È verdade que o mundo espiritual acompanha a marcha da História e as transições sociais, mas não se subordina aos condicionamentos terrenos. Logo, a estrutura da Doutrina é coerente em si mesma, não pode ser desmembrada.





(...) Conduzindo á Terra pelos fenômenos mediúnicos, o Espiritismo não veio combater nem destituir, mas veio superar muita coisa pela renovação das ideias, de costumes, de hábitos mentais. Quem chega ao Espiritismo depois de outras experiências, quem penetra no pensamento da Doutrina sabe muito bem que a adoração verdadeira é a do coração. A mensagem do Espiritismo traz o esclarecimento do espírito; e, á proporção que o espírito enriquece, também alarga sua visão do mundo e das coisas e, por isso mesmo, vai deixando o culto material, que é puramente exterior, e procurando integrar-se naturalmente nos valores espirituais. Isto não se realiza por imposição nem por medo, mas pela compreensão, gradativamente. O que não é possível é justificar um “ritual espírita”, simplesmente porque muita gente ainda necessita de “certas coisas”. Ficaríamos num círculo vicioso.
O Espiritismo veio trazer e fazer mais do que já existia. Se o Espiritismo tivesse vindo para se acomodar atudo quanto se faz; se tivesse aceitado todas as ideias, todas as concepções que encontrou na Terra, Naturalmente o ensino dos Espíritos não teria razão de ser. Seria o caso de perguntar afinal, a que veio o Espiritismo?  Veio esclarecer, veio renovar, ou veio apenas para deixar tudo como está? Qual seria, neste caso, o objetivo da Doutrina? Não. O Espiritismo è renovador.  
 Deolindo Amorim

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